Dignidade menstrual: Fundo de População da ONU reúne especialistas em fórum no DF

10/11/2022

Mais de 4 milhões de estudantes brasileiras não têm acesso a itens menstruais básicos nas escolas. Deste universo, para quase 200 mil meninas são negadas condições fundamentais à garantia de dignidade menstrual no ambiente escolar. Realidades como estas e caminhos para assegurar respeito às mulheres e meninas são discussões do Fórum e Mostra de Cinema promovidos pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), que começou na terça (08) e termina nesta quinta-feira (10), em Brasília, Distrito Federal.

O Fórum de Discussão abordou cinco eixos temáticos: “Aprofundamento situacional e ascensão do tema da Dignidade menstrual na agenda pública”; “Iniciativas da gestão pública na promoção da Dignidade Menstrual”; “Insumos menstruais e as diferentes alternativas para a provisão da Dignidade Menstrual e o meio ambiente”; “Menstruação e espaço escolar” e “A menopausa no âmbito da dignidade menstrual: poder, sexualidade e autocuidados”. Os painéis ocorrem no Hotel Grand Mercure, com a participação de especialistas e autoridades governamentais em educação e saúde pública.

A SPM Bahia participou do discussão do painel “Iniciativas da gestão pública na promoção da Dignidade Menstrual”, nesta quarta-feira (9). A secretária Julieta Palmeira fez uma apresentação de experiências de políticas públicas na Bahia a exemplo do Programa Dignidade Menstrual, parceria da Secretaria da Educação (SEC), SPM Bahia e Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP). Por meio do programa foram distribuídos absorventes para 225 mil estudantes em condição de vulnerabilidade social e publicadas cartilhas educativas para abordagem do tema em sala de aula, além da distribuição para mulheres em situação prisional.

O painel contou com a participação da secretária da Mulher e Diversidade da Paraíba, Lídia Moura; da deputada distrital Arlete Sampaio, autora do projeto de dignidade menstrual no Distrito Federal; da secretária do Trabalho e Bem Estar de Roraima, Tania Soares; da coordenadora de Políticas e Direitos das Mulheres de Niteroi, Fernanda Sixel.

A realidade da menstruação

Conforme observa a representante do UNFPA no Brasil, Astrid Bant, a temática da dignidade menstrual abrange uma série de fatores, a exemplo da chamada “pobreza menstrual”. O termo consiste no entendimento de uma condição multidimensional, caracterizada não só pela deficiência de acesso a recursos e infraestrutura como também pela falta de conhecimento por parte de mulheres e meninas sobre os cuidados envolvendo a própria menstruação. Inclui, ainda, questões como a menopausa e as diversas visões culturais a respeito da menstruação.

“Desde a puberdade até a menopausa, a menstruação é uma questão central na vida das mulheres e está fortemente ligada ao seu desenvolvimento como pessoa bem como à forma como se dá a sua inserção na sociedade”, pontua Astrid Bant, ao destacar que a maneira como a menstruação é experienciada está relacionada a aspectos como dignidade, autonomia corporal, autoestima e empoderamento a partir do conhecimento do próprio corpo e da mente.

Mostra de cinema

A Mostra de Cinema ‘Luz, Câmera, MenstruAÇÃO’, realizada na terça e quarta, com exibições no Cine Brasília, buscou estimular o debate a respeito da Dignidade Menstrual, trazendo a um público amplo filmes ficcionais e documentais que abarcam as múltiplas abordagens, entendimentos e práticas a respeito da menstruação e os direitos das pessoas que menstruam. As exibições foram gratuitas e também abertas ao público.

Estudantes do ensino médio da rede pública do DF e de instituições como o Instituto Federal de Brasília (IFB) participaram de sessões da Mostra e também de rodas de conversa sobre a realidade do tema. Foram exibidos documentários e obras nacionais e estrangeiras — “Absent” (“Escassez”), “A period drama” (“Um drama menstrual”), “Bleed with me” (“Sangre comigo”), “Moon blood” (“Sangue da lua”), “My time” (“Minha vez”), “Spotless” (“Imaculada”) e “La eterna noche de las doze lunas” (“A eterna noite das doze luas”) — além de curta-metragem produzido ao UNFPA pela cineasta brasileira Viviane Ferreira.

Fonte: UNFPA com informações da SPM Bahia