Foto: Ulisses Dumas
No segundo dia da Micareta de Feira de Santana, o tradicional Bloco Malê Debalê desfilou no Circuito Maneca Ferreira na tarde desta sexta-feira (19). Com apoio do Governo do Estado, o grupo trouxe para a Avenida Presidente Dutra uma linda apresentação que exaltou a ancestralidade africana.
O presidente do bloco, Cláudio Araújo, destacou a importância da representatividade do Malê Debalê, que chegou a ser considerado o maior balé afro do mundo pelo jornal norte-americano ‘The New York Times’. “Eu acho que difundir a cultura da África, pautada na história do Malê, é elevar a autoestima da negritude, que vivia no ostracismo e que hoje tem a possibilidade de ter blocos afros. O Governo do Estado está de parabéns por reverberar essa cultura que celebra os 190 anos da Revolta dos Malês”, comentou.
Foto: Ulisses Dumas
Morador de Feira de Santana desde 2019, o carioca Ricardo Andrade curtiu o bloco ao lado de seu filho, o pequeno Theo Lima. Com apenas 5 anos, o menino participou pela primeira vez da folia feirense e assistiu encantado a passagem do Malê Debalê, que celebrou a africanidade com tambores, cores, fantasias, danças cênicas e muita música. “Esse bloco representa a cultura africana. Eu acho importante esse desfile para combater a discriminação contra as religiões de origem afro. É o primeiro ano do meu filho aqui. Trouxe ele porque assim ele já aprende que não deve ter preconceito com nossa micareta, que é o maior carnaval fora de época do país”, explicou o pizzaiolo Ricardo.
Foto: Ulisses Dumas
Negro feliz
Com 45 anos desde a fundação, a história da entidade começou com um grupo de jovens do bairro de Itapuã, em Salvador. Desde então, o Malê Debalê busca resgatar a ancestralidade das raízes africanas na Bahia, com destaque para o combate ao racismo, a afirmação da negritude e a resistência do povo preto.
O nome do bloco evoca dois principais significados complementares. Primeiro, a homenagem à Revolta dos Malês, um movimento de negros mulçumanos escravizados que lutou pela libertação em Salvador. Em seguida, o ‘Debalê’ faz referência a alegria da população afro-brasileira e significa algo como ‘negro feliz’.
Neste ano, o bloco trouxe como tema complementar a cultura dos estados nordestinos. As fantasias são inspiradas nas tradições, histórias e identidades do povo dessa região brasileira tão rica e diversa, berço de importantes manifestações populares com protagonismo negro.
Além do Malê Debalê, o Governo do Estado apoia outros blocos afro na Micareta de Feira 2024 por meio do projeto Ouro Negro, que concede apoio financeiro às entidades de matrizes africanas, como blocos afro, afoxés, samba, reggae e outros para a realização dos seus desfiles carnavalescos.
