O bairro do Garcia é destino certo de boa parte dos foliões que curtem o carnaval tradicional de Salvador. Esta movimentação ocorreu por conta da “Mudança do Garcia”, circuito oficial mais recente intitulado de Riachão, em homenagem ao sambista soteropolitano nascido no bairro do Garcia.
A “Mudança do Garcia” é um movimento que reúne blocos sem cordas há mais de 80 anos no percurso que vai do fim de linha do Garcia até o Campo Grande, levando irreverência, protesto e cultura para a avenida no carnaval. Este ano, a Mudança recebeu o bloco Reduto do Samba, na versão retrô, com um arrastão de samba partido alto, no penúltimo dia da folia.
O grupo “Eu vim mas não fui convidado” conduziu o cortejo que seguiu todo o circuito. "A gente tentou retratar o que era a tradição do samba, aqui dentro do carnaval de Salvador e trazendo o que é a realidade do samba de chão", disse Marício Santello, fundador do grupo.
O folião e músico, Nilton Mário, de 72 anos, disse que todos os anos está na Mudança do Garcia, mas este ano foi diferente porque foi convidado para o arrastão. "Eu amo o samba, toco há mais de 30 anos e para mim foi uma honra estar aqui", disse.
Quem também levou o samba para a Mudança do Garcia foi o bloco “Vem Sambar + Galera do Simbora”. Juntos, os dois projetos fizeram uma homenagem à sambista Gal do Beco, a dama do Samba da Bahia. Nascida no Rio de Janeiro e radicada em Salvador há cerca de 45 anos, Gal é cidadã soteropolitana, uma grande personalidade musical do estado e madrinha de diversos sambistas.
Carnaval das antigas - Um dos blocos apoiados pelo Programa Ouro Negro que também desfilou nesta segunda, promovendo um reencontro com o carnaval das antigas, foi o Bloco da Saudade, com a tradicional marchinha. O grupo fez seu segundo e último desfile no Circuito Osmar (Campo Grande) na manhã desta segunda-feira (12) e na terça o desfile a folia será no circuito Batatinha (Pelourinho), com o carnaval pipoca. Fundado em 1986, o Bloco da Saudade nasceu do desejo de resgatar o samba e os antigos carnavais.
Carnaval Ouro Negro 2024 - O Carnaval da Bahia é Ouro Negro. Em 2024, foram investidos R$15 milhões para proporcionar o apoio a mais de 170 grupos dos segmentos afro, afoxé, samba, reggae e de índio. Só no carnaval de Salvador são mais de 100 entidades que desfilam nos circuitos oficiais da folia. Entre as entidades contempladas estão grupos tradicionais como o Olodum, Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Muzenza e Cortejo Afro. A SecultBA amplia sua parceria com blocos tão importantes com o intuito de preservar a tradição destes na folia soteropolitana e nas suas comunidades de origem, valorizando as nossas matrizes africanas.
Carnaval da Cultura – Comemorar, enaltecer e fortalecer os Blocos Afro em seus 50 anos de existência, contados a partir do nascimento do Ilê Aiyê, o pioneiro, é garantir que a festa também seja um lugar para que negras e negros baianos contem as suas narrativas e façam parte da história do mundo. Por isso, o tema do Carnaval da Bahia em 2024 é os 50 anos de Blocos Afro - Nossa Energia é Ancestral. Em cada circuito, em cada sorriso, em cada bloco desfilando as belezas do povo preto, em cada brilho pelas ladeiras do Pelô. É a folia animada, diversa e democrática do Carnaval e é também a preservação do patrimônio cultural, com o apoio ao carnaval tradicional dos mascarados de Maragojipe. O Carnaval da Cultura é promovido pelo Governo do Estado, "50 anos dos Blocos Afro - Carnaval da Bahia 2024 - Nossa Energia é Ancestral".