Foto: Joelma Antunes
O Carnaval de Salvador transcende o mero entretenimento; é um encontro de tradições, memórias e celebração da ancestralidade, onde as mãos que fazem a festa acontecer, muitas vezes são as mãos de mulheres negras, seja impulsionando os ritmos da avenida ou sendo homenageadas por sua influência cultural. Nesta linha, os Blocos Pagode Total, Bloco da Saudade e Amor e Paixão desfilaram este ano com temas que ressaltaram a importância das mulheres negras, destacando não apenas suas contribuições culturais, mas também sobre as respectivas atuações na construção das narrativas desses blocos.
Foto: Fafá Araújo
Há 38 anos, o Bloco da Saudade encanta foliões de todas as idades, mantendo viva a tradição do samba e do antigo carnaval. Este ano, o bloco prestou homenagem às vozes femininas do samba, reconhecendo o legado de mulheres como Tia Ciata e suas contribuições para o gênero. O Pagode Total ressoou o ritmo pulsante do samba baiano, celebrando figuras icônicas como Jovelina Pérola Negra e Dona Ivone Lara, sob o tema "A força ancestral das mulheres negras", reconhecendo seu papel fundamental na cultura do pagode.
Completando 20 anos de puro amor pelo samba, o bloco Amor e Paixão celebrou as lendas do gênero, destacando o papel crucial das mulheres negras como Tia Ciata e Gal do Beco na identidade musical do Brasil. Sob o tema "A força ancestral das mulheres negras", a festa é uma ode à rica herança cultural dessas mulheres. Outro Bloco que celebrou as vivências, legados e jornadas de mulheres negras foi o bloco Quintal do samba, que saiu reverenciando diferentes quituteiras com o tema “As mulheres do feijão”.
Nestes quatro blocos, mulheres como Tanise Cabral (Bloco da Saudade) e Ariene Barreto (Bloco Pagode Total) são verdadeiras guardiãs da tradição, transmitindo de geração em geração o legado de resistência e alegria que permeia o carnaval de Salvador. Elas representam não apenas os blocos, mas a colisão sagrada entre memória e tradição, refletindo a importância das mulheres negras na essência dessas celebrações.
As quatro entidades desfilaram no Carnaval de 2024 e contaram com apoio do Programa Ouro Negro. Em Salvador, o apoio foi para 107 entidades, entre afoxés, blocos afro, de índio, de samba e de reggae, que vão se apresentar nos circuitos Dodô, Osmar e Batatinha, e também nos outros 05 circuitos oficiais: Orlando Tapajós, Sérgio Bezerra, Batatinha, Riachão, Mestre Bimba e Mãe Hilda Jitolú.
Carnaval Ouro Negro 2024 - O Carnaval da Bahia é Ouro Negro. Em 2024, foram investidos R$15 milhões para proporcionar o apoio a mais de 170 grupos dos segmentos afro, afoxé, samba, reggae e de índio. Só no carnaval de Salvador são mais de 100 entidades que desfilam nos circuitos oficiais da folia. Entre as entidades contempladas estão grupos tradicionais como o Olodum, Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Muzenza e Cortejo Afro. A SecultBA amplia sua parceria com blocos tão importantes com o intuito de preservar a tradição destes na folia soteropolitana e nas suas comunidades de origem, valorizando as nossas matrizes africanas.
Carnaval da Cultura – Comemorar, enaltecer e fortalecer os Blocos Afro em seus 50 anos de existência, contados a partir do nascimento do Ilê Aiyê, o pioneiro, é garantir que a festa também seja um lugar para que negras e negros baianos contem as suas narrativas e façam parte da história do mundo. Por isso, o tema do Carnaval da Bahia em 2024 é os 50 anos de Blocos Afro - Nossa Energia é Ancestral. Em cada circuito, em cada sorriso, em cada bloco desfilando as belezas do povo preto, em cada brilho pelas ladeiras do Pelô. É uma folia animada, diversa e democrática do Carnaval e é também a preservação do patrimônio cultural, com o apoio ao carnaval tradicional dos mascarados de Maragojipe. O Carnaval da Cultura é promovido pelo Governo do Estado, "50 anos dos Blocos Afro - Carnaval da Bahia 2024 - Nossa Energia é Ancestral".