#CARNAVALDACULTURA Shows de Geraldo Cristal e Danzi reforçam a vocação do Pelourinho para o reggae

11/02/2024

 geraldocristal    Danzi
Fotos: Jasf Andrade / Roberto Viana

 

O reggae, gênero musical que possui uma relação de longa data com o Pelourinho, teve uma celebração à altura no Largo Tereza Batista, neste sábado (10), terceiro dia de apresentações no carnaval do Centro Histórico. Os artistas Geraldo Cristal e Danzi fizeram shows exaltando a musicalidade do ritmo jamaicano, cada um imprimindo a sua assinatura pessoal.

Natural de Cachoeira, berço de muitos expoentes do reggae baiano, Geraldo foi o primeiro a se apresentar, em um show que passeou pelos seus quase 40 anos de carreira, que tiveram o primeiro registro fonográfico no álbum “Reggaessência”, de 2003. Além de obras que acompanham Geraldo ao longo da sua carreira, o artista também apresentou músicas do seu mais recente EP, “Elo”, lançado em 2021.

Sobre a sua relação com o reggae, e como esse gênero musical se relaciona com a ancestralidade afro, Geraldo comentou: “O reggae chegou na minha vida como um chamado, não só pela música, mas pela cultura Rastafári. A morte de Bob Marley (em 1981) gerou uma comoção geral, de modo que eu me senti convocado a estudar essa cultura e dar continuidade ao legado musical e de valorização da negritude”.

O músico soteropolitano André Macedo, 45 anos,um dos fãsna plateia, destacou a relação entre o reggae e o Pelourinho: “Os shows de Geraldo Cristal fazem parte da minha memória com o Pelourinho, junto aos shows de Sine Calmon, Gabriel Rasta e outros nomes do gênero. O reggae me incentivou não apenas a fazer música, mas também a não alimentar preconceitos de qualquer natureza”, disse.

Geraldo fez questão de ressaltar a sua participação no desenvolvimento da cena reggae do Pelourinho, após ele vir morar em Salvador, no início dos anos 1990, e a importância de artistas do gênero estarem nos palcos do Centro Histórico durante o carnaval: “É importante dar espaço para os artistas que não aparecem na grande mídia, e que têm muito a dizer através da sua obra”, disse.

Uma das representantes do reggae baiano, a artista soteropolitana Danzi deu continuidade aos shows no largo Tereza Batista, trazendo o seu repertório autoral, em que a mistura entre o reggae e a black musicaparece como uma forte marca.

Danzi lançou o seu primeiro álbum, “Erga-se”, em 2021, reforçando o poder do reggae em celebrar a positividade e a esperança de dias melhores, semeada através da prática cotidiana: “É como eu costumo dizer: o que a gente faz é mensagem, então nós temos uma responsabilidade de inspirar pessoas, fortalecer o pensamento, entendendo que a música tem esse poder. A reggaemusic denuncia problemas, mas também aponta soluções”, disse a artista.

A cantora, que também se apresentou no carnaval do Pelourinho em 2020, disse sentir um clima especial na festa deste ano, tanto em termos de estrutura quanto de tratamento dado aos artistas. Em relação à estrutura, a opinião da artista é compartilhada por foliãs como a negociadora caruaruense Jaci Silva, 32 anos, que apresentou o carnaval do Pelô à profissional autônoma Carol de Santana, 30 anos, natural de Salvador, mas curtindo pela primeira vez o carnaval no Pelourinho.

“Eu estou positivamente surpresa com o carnaval aqui no Pelô, porque em termos de conforto e segurança eu não me senti igual em nenhum outro circuito da festa”, disse Carol. Jaci disse que apresentou a folia do Pelourinho à amiga justamente por saber dessas características, e revelou ter especial interesse nas manifestações musicais locais, que não são encontradas em nenhum outro lugar: “A música da Bahia tem algo único, que nós temos a oportunidade de desfrutar aqui no Centro Histórico”, comentou.

Sobre a tradição de artistas baianos promoverem de maneira hábil o diálogo entre distintos estilos musicaisafrodiaspóricos, Danzi comenta: “Isso aparece como algo natural no meu trabalho, por eu ser preta e por consumir esses produtos. Além disso, esses gêneros musicais dialogam de maneira autêntica com o público, e a naturalidade dessa conexão é muito importante”, reflete.


Carnaval Amô Pelo Pelô 2024 - Todo dia é tempo de demonstrar o #AmôPeloPelô. Mas no Carnaval esse movimento se intensifica e o Governo da Bahia investe para fazer das ruas, ladeiras, vielas e largos verdadeiros palcos de expressão da nossa cultura. No Pelourinho, a folia é animada, diversa e democrática que abraça o carnaval de rua, microtrios e nanotrios, além de promover, nos palcos, grandes encontros musicais e variados ritmos numa ampla programação. Tem Afro, Reggae, Arrocha, Axé, Antigos Carnavais, Samba, RAP, Pagode/Pagotrap, pop e Guitarra Baiana, além de Orquestras e Bailes Infantis.

 

Carnaval da Cultura – Comemorar, enaltecer e fortalecer os Blocos Afro em seus 50 anos de existência, contados a partir do nascimento do Ilê Aiyê, o pioneiro, é garantir que a festa também seja um lugar para que negras e negros baianos contem as suas narrativas e façam parte da história do mundo. Por isso, o tema do Carnaval da Bahia em 2024 são os 50 anos de Blocos Afro - Nossa Energia é Ancestral. Em cada circuito, em cada sorriso, em cada bloco desfilando as belezas do povo preto, em cada brilho pelas ladeiras do Pelô. É o carnaval dos blocos afro, de samba, de reggae e dos afoxés, apoiados por meio do Edital Ouro Negro para desfilar nos três principais circuitos da folia: Batatinha, Dodô e Osmar. É a folia animada, diversa e democrática do Carnaval e é também a preservação do patrimônio cultural, com o apoio ao carnaval tradicional dos mascarados de Maragojipe. O Carnaval da Cultura é promovido pelo Governo do Estado, "50 anos dos Blocos Afro - Carnaval da Bahia 2024 - Nossa Energia é Ancestral".