De criança à idosos, todos têm espaço no Carnaval Ouro Negro do Circuito Batatinha, no Centro Histórico da capital baiana. Agradando as diferentes faixas etárias de foliões, afoxé, afro e samba promoveram um encontro de estilos e gerações, em pleno Carnaval de Salvador. Um bom exemplo, foi o desfile do Bloco O Mangue Ecológico de Cajazeiras, que trouxe como tema “Reis e rainhas da ancestralidade Africana”.
Sandor Dantas, 45 anos, músico, diretor do bloco, falou sobre o contexto do desfile. “Nós negros, não chegamos ao Brasil como escravos, mas sim como reis e rainhas”, enfatizou o gestor da instituição, que para representar a realeza, estampou a realeza na fantasia da criançada que estava despontando no abre alas, todas coroadas. Esse ano, o bloco trouxe para o circuito cinco alas a dos músicos, a dos erês, a das baianas e dos malandros. “Temos esse compromisso de ser um bloco de família”, afirmou Sandro, sobre a mistura de gerações presente no cortejo.
Provando que o Carnaval Ouro Negro tem espaço pra todo mundo, Andreia Mesquita, 40 anos, costureira, veio com toda família para aproveitar a folia com O Mangue. “Ele queria porque queria vir!”, disse Andréia, sobre o netinho Henry de apenas 4 aninhos, que não parava um segundo de dançar. Além do neto, Andreia estava com a filha Tainara De Jesus, 25 anos, mãe do pequeno Henry. Ela pontuou a maior segurança em trazê-lo para brincar o Carnaval no Circuito Batatinha. “É melhor, mais animado e mais seguro também para as crianças”, ressaltou Tainara.
Outro bloco que promoveu um verdadeiro encontro de gerações, foi o Sambetão que por sua vez, abordou o tema “Samba de Mabaço”, que significa os nascidos do mesmo parto, na língua com base na oralidade falada pelos povos escravizados. De acordo com o diretor do bloco, Humberto Lázaro, 64 anos, Servidor Público, esse ano o tema é em homenagem aos seus filhos gêmeos que estão em Portugal. No abre alas, o bloco trouxe a rainha Iara Sereia, 35 anos, mulher trans multiartista que distribuiu muita beleza e simpatia.
Betão, como é mais conhecido o Humberto, aproveitou para enaltecer ao incentivo recebido pelo Projeto Ouro Negro. “A gente tá fazendo parte do Carnaval Ouro Negro, é um Carnaval que o Governo do Estado fomenta. A gente agradece muito, se não fosse o Ouro Negro muitas entidades não tinham saído”, afirmou Betão.
Todas essas entidades estão realizando seus desfiles com apoio do Governo do Estado, a partir do Programa Carnaval Ouro Negro 2024, que destinou R$ 14,7 milhões ao edital, com o intuito de preservar a tradição e as heranças de matriz africana.
Carnaval Ouro Negro 2024 - O Carnaval da Bahia é Ouro Negro. Em 2024, foram investidos R$15 milhões para proporcionar o apoio a mais de 170 grupos dos segmentos afro, afoxé, samba, reggae e de índio. Só no carnaval de Salvador são mais de 100 entidades que desfilam nos circuitos oficiais da folia. Entre as entidades contempladas estão grupos tradicionais como o Olodum, Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Muzenza e Cortejo Afro. A SecultBA amplia sua parceria com blocos tão importantes com o intuito de preservar a tradição destes na folia soteropolitana e nas suas comunidades de origem, valorizando as nossas matrizes africanas.
Carnaval da Cultura – Comemorar, enaltecer e fortalecer os Blocos Afro em seus 50 anos de existência, contados a partir do nascimento do Ilê Aiyê, o pioneiro, é garantir que a festa também seja um lugar para que negras e negros baianos contém as suas narrativas e façam parte da história do mundo. Por isso, o tema do Carnaval da Bahia em 2024 é os 50 anos de Blocos Afro - Nossa Energia é Ancestral. Em cada circuito, em cada sorriso, em cada bloco desfilando as belezas do povo preto, em cada brilho pelas ladeiras do Pelô. É a folia animada, diversa e democrática do Carnaval e é também a preservação do patrimônio cultural, com o apoio ao carnaval tradicional dos mascarados de Maragojipe. O Carnaval da Cultura é promovido pelo Governo do Estado, "50 anos dos Blocos Afro - Carnaval da Bahia 2024 - Nossa Energia é Ancestral".