Apenas o segundo dia de carnaval e os afoxés já tomaram conta das ruas do Pelourinho. O circuito Batatinha, consagrado como o espaço das famílias, recebeu importantes blocos culturais, que são de origem popular e de matriz africana. Nesta sexta-feira (09), passaram pelo circuito Batatinha, entidades como: Afrodescendente da Bahia, Kayala Da Bahia, Afoxé Ayral Ogum, Corisco, Amigos de Babá, Filhos de Oxalá e muitos outros.
Com o tema “Festa para o Rei de Fé”, o bloco Corisco, que participa do programa Ouro Negro desde sua primeira edição, levou muita dedicação para o circuito. José Raimundo, 61, compositor e fundador do bloco, falou sobre a importância d o Ouro Negro para esses pequenos grupos. “Somente com muita luta, trabalho e dedicação é que trazemos a comunidade e os grupos de dança para a avenida. Só temos a agradecer ao Ouro Negro por nos possibilitar isso”, disse José.
A trancista Ártemis Lima, 24 anos, presença certa no desfile do afoxé falou sobre a relação de pertencimento em acompanhar todo o processo para efetivamente colocar o bloco na rua. “É sempre muito gratificante estar em todo esse processo. Desde a confecção das roupas que os bailarinos vão dançar no Corisco, até chegar bem cedinho pra ver a galera se reunindo, montando tudo do bloco. É uma energia contagiante.”, ressaltou Ártemis.
Quem também desfilou pelas ruas do Centro Histórico foi o afoxé Amigos de Babá, vindo da comunidade de Pau Miúdo, com o tema, “O menino que é um pescador”. Josué do Babá, 61 anos, fundador do bloco explicou que “o tema é em homenagem ao orixá caçador, pescador e guerreiro, Logun Edé e por isso é muito importante”, afirmou Babá.
Ele é considerado um dos mais belos e vaidosos orixás masculinos, que protege os navegantes das águas doces, na religiosidade de matriz africana, Logun Edé é filho dos orixás Oxum e Oxossi. Por isso não faltou elementos que simbolizavam as águas e a beleza, como a fluidez do cetim e o brilho do dourado.
Outro bloco que trouxe as raízes africanas para o circuito Batatinha foi o afoxé Filhos de Oxalá, que este ano veio com um tema que fala sobre o Ekodidé. Durray Carvalho, dirigente e designer do bloco, falou sobre a escolha do tema que enaltece as habilidades de Oxum. “Trouxemos esse tema para mostrar toda força e beleza da mulher guerreira.”, enfatizou Durray.