Ancorando-se no fundamento feminino, a cantora e compositora reverenciou cantoras negras que marcaram a história da música, como Elza Soares, Leci Brandão, Sara Tavares, Beyoncé, entre outras. O show abriu a programação de Carnaval Amô Pelo Pelô no Largo, que receberá, até terça-feira (13), grandes nomes da música da Bahia e do cenário nacional.
Com um repertório inspirado nos laços interatlânticos, assim como em um movimento de resistência conhecido como Sankofa, Larissa retornou ao passado, resgatando a história da música preta, conectando-a com o potente movimento de mulheres negras.
“Quando a gente sabe de onde veio e se conecta com as raízes, vive um outro presente e, consequentemente, um outro futuro. A gente tem a possibilidade de construir um novo futuro, quando tem um presente enraizado nas nossas raízes ancestrais que nos foram tiradas por conta de todo processo colonizador. Nos reconectar com as nossas raízes ancestrais, cultural e musicalmente falando, é, também, construir um novo futuro”, explicou Larissa Luz.
Conexões afrodiásporicas - Em sua carreira musical, Larissa Luz traz na sua jornada um potente diálogo sobre empoderamento, ancestralidade e afrofuturismo. Em 2016, a soteropolitana foi indicada ao Grammy Latino na categoria de Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa pelo álbum “Território Conquistado.
Em 2018, Larissa emocionou o público do Brasil ao interpretar Elza Soares no celebrado musical "Elza". Durante o show no Largo do Pelourinho não faltaram reverências à cantora considerada ‘a voz do milênio’.
“Elza entrou na minha vida e não saiu mais. E não vai sair. Ela me atravessou de uma forma muito particular. Então, por mais que eu tenha a minha carreira, meus projetos individuais, ela vai estar sempre aqui em um lugarzinho muito especial, que eu vou estar sempre consultando, sempre acessando, para me lembrar da potência que eu posso ser porque Elza é um sim pra mim. Ela é um sim para muitas mulheres pretas”, acrescentou Larissa.
Atlânticarnaval - Durante o carnaval deste ano, por meio do projeto intitulado "Atlânticarnaval", Larissa celebra a música negra, com shows em diferentes circuitos do carnaval. O Largo do Pelourinho foi um deles.
O estudante de Química Kayode, de 21 anos, está acompanhando todas as apresentações do projeto e não poderia faltar ao show no Pelô. “Ela é uma artista muito inspiradora e incrível da contemporaneidade. É uma das artistas negras que mais enaltecem a sua cultura. Fui ontem. Vim hoje e estarei nos próximos”, revelou. Kayode.
A técnica de enfermagem Angela Lopes, de 56 anos, também acompanha Larissa há muitos anos. “Eu vim assistir ao lançamento do disco Território Conquistado aqui no Pelourinho. De lá para cá, eu sigo a acompanhando”, destacou Angela.
Carnaval Amô Pelo Pelô 2024 - Todo dia é tempo de demonstrar o #AmôPeloPelô. Mas no Carnaval esse movimento se intensifica e o Governo da Bahia investe para fazer das ruas, ladeiras, vielas e largos verdadeiros palcos de expressão da nossa cultura. No Pelourinho, a folia é animada, diversa e democrática que abraça o carnaval de rua, microtrios e nanotrios, além de promover, nos palcos, grandes encontros musicais e variados ritmos numa ampla programação. Tem Afro, Reggae, Arrocha, Axé, Antigos Carnavais, Samba, RAP, Pagode/Pagotrap, pop e Guitarra Baiana, além de Orquestras e Bailes Infantis.
Carnaval da Cultura – Comemorar, enaltecer e fortalecer os Blocos Afro em seus 50 anos de existência, contados a partir do nascimento do Ilê Aiyê, o pioneiro, é garantir que a festa também seja um lugar para que negras e negros baianos contem as suas narrativas e façam parte da história do mundo. Por isso, o tema do Carnaval da Bahia em 2024 são os 50 anos de Blocos Afro - Nossa Energia é Ancestral. Em cada circuito, em cada sorriso, em cada bloco desfilando as belezas do povo preto, em cada brilho pelas ladeiras do Pelô. É o carnaval dos blocos afro, de samba, de reggae e dos afoxés, apoiados por meio do Edital Ouro Negro para desfilar nos três principais circuitos da folia: Batatinha, Dodô e Osmar. É a folia animada, diversa e democrática do Carnaval e é também a preservação do patrimônio cultural, com o apoio ao carnaval tradicional dos mascarados de Maragojipe. O Carnaval da Cultura é promovido pelo Governo do Estado, "50 anos dos Blocos Afro - Carnaval da Bahia 2024 - Nossa Energia é Ancestral".