Edital para as artes circenses viabiliza realização de sete projetos na Bahia

27/08/2010
Montagem e qualificação são a base das ações que efetivam a produção, difusão e memória do circo no estado Na última quarta-feira, foi publicada no Diário Oficial do Estado a lista de projetos selecionados pelo edital Fura-Fura – Apoio às Artes Circenses no Estado da Bahia, lançado pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), através da Fundação Cultural do Estado (FUNCEB), em maio deste ano. As inscrições, que foram encerradas em 29 de junho, contabilizaram 17 propostas, das quais sete foram contempladas. O investimento total que vai ser aplicado é de R$ 195 mil, mediante recursos provenientes do Fundo de Cultura da Bahia (FCBA). Desde a criação do Núcleo de Artes Circenses, em 2007, a FUNCEB tem buscado apoiar esta importante e popular linguagem artística através de ações especificamente voltadas para a área. Além de financiamentos concedidos através dos três anos do Calendário de Apoio a Projetos Culturais e da primeira edição do edital Fura-Fura, em 2008/2009 – um certame então inédito no estado da Bahia –, tem-se investido em encontros setoriais e oficinas técnicas, numa estruturação de uma política pública que consagre o valor do circo. Para tanto, foi também realizado o Mapeamento e Memória do Circo da Bahia e editada a Cartilha do Circo, um manual instrutivo sobre as normas e legislações que devem ser conhecidas por agentes culturais e dirigentes públicos do Estado e de seus municípios para o acolhimento de circos. “A segunda edição do edital voltado às artes circenses é uma importante realização pelo incentivo a esta linguagem na Bahia. Investir em ações que possam contribuir para fortalecer o circo e mantê-lo em atividade é parte de uma política democrática, que se compromete com a identidade cultural do estado”, afirma Gisele Nussbaumer, diretora da Fundação Cultural. Desta vez, o edital Fura-Fura teve sua minuta ampliada, assim como aconteceu com o aporte financeiro disponibilizado. Na edição de estreia, em 2008/2009, a seleção se limitava a projetos de montagem e circulação de espetáculos e números circenses, oferecendo um total de R$ 180 mil. Agora, atendendo de forma mais diversificada as demandas existentes, objetivou-se incentivar a produção, difusão e memória do circo na Bahia, abrindo possibilidades para projetos de pesquisa, memória e formação, além da montagem e circulação de espetáculos e números circenses, inéditos ou não, de pesquisadores, circos de lona, escolas de circo, companhias, trupes ou artistas circenses. “O diferencial entre os contemplados de 2008 e os de 2010 é que o resultado nos traz um foco em qualificação. Os circenses estão sempre em busca de aperfeiçoamento, tanto de suas técnicas quanto de seus espetáculos, e até mesmo da forma de buscar apoio através de projetos culturais”, afirma Alda Laborda, coordenadora do Núcleo de Artes Circenses da FUNCEB. Numa análise de que a existência do edital representa um avanço nas discussões trazidas pelos artistas circenses e de que as propostas selecionadas demonstraram uma aptidão já mais politizada da classe para o desenvolvimento de projetos, Alda completa: “Foram ótimas propostas, que buscam ampliar os conhecimentos circenses. O circo sempre busca a interação com as diversas linguagens artísticas e estes projetos efetivam ainda mais uma articulação com música, teatro e dança”. Salvador e Região Metropolitana irão sediar quatro projetos: o primeiro será O Circo de Um Homem Só, que apresentará, entre setembro e outubro, seis edições de espetáculo encenado por João Lima em cidades da Região Metropolitana de Salvador, com realização de workshop ministrado pelo próprio artista na ONG Grupo Cultural Arte Consciente (Saramandaia). Já Moças Aéreas propõe a criação de um espetáculo de números aéreos sobre o universo das aeromoças, baseado em cursos ministrados pela artista e instrutora Luana Serrat. Serão 12 apresentações no Ponto de Cultura “Escologia” (Pituaçu), de outubro a dezembro. No mesmo período, o Encontro de Malabares, Arte e Cultura vai promover cinco encontros na Praça Pau Brasil (Rio Vermelho), visando a formação de plateia, o fomento à produção e a integração de diferentes linguagens artísticas, ainda com oficinas de malabares e de palhaço. Também nos três últimos meses do ano, o Gran Circus Fulanas responde pela finalização e circulação da montagem do novo espetáculo do grupo As Fulanas Cia. de Circo; serão oito apresentações em circos itinerantes da capital e RMS. Cidades do interior do estado vão receber três ações. Os municípios de Nova Redenção e Wagner conhecerão a Arte de Sonhar II, com quatro apresentações, entre setembro e outubro, de um espetáculo baseado no universo do palhaço, precedido por conversas sobre a história, o imaginário e o ambiente do circo. Também iniciando em setembro e seguindo ate março de 2011, Garimpando Talentos é a montagem e circulação de um espetáculo feito a partir de oficinas para alunos do grupo infanto-juvenil da Escola de Circo do Capão; serão cinco apresentações em povoados próximos ao distrito de Palmeiras. Por fim, Aprendizes de Circo é um projeto de qualificação do grupo residente do Ponto de Cultura “Cultura Mais Circo”, de Feira de Santana, assistido pela Cia. Cuca de Teatro. Como resultado, haverá quatro apresentações, entre outubro e dezembro, do espetáculo “Sonhos”, no Centro de Cultura Amélio Amorim, espaço administrado pela FUNCEB. O interior é quem mais usufrui da atividade circense. Além de promover lazer, divertimento e cultura, o espaço físico do circo serve também de apoio às atividades culturais e educacionais de pequenos municípios onde não existem teatros enquanto espaços físicos formais, cinemas, museus ou outras atividades culturais. “É por tudo isso que se faz importante dar subsídios a estes artistas que praticamente desbravam o meio rural, qualificando-os e fazendo com que continuem levando arte nos lugares mais distantes e diversos do território da Bahia”, finaliza Alda Laborda. Veja a portaria com o resultado