Primeiro longa-metragem baiano terá primeira exibição após restauro

04/06/2010
Redenção, filme que inaugurou o Ciclo Baiano de Cinema, foi exibido pela 1ª vez, após restauro, dentro da programação do VI Panorama Coisa de Cinema do Espaço Unibanco, no último dia 1º de junho, em Salvador Em 9 de março de 2009 foi comemorado os 50 anos da estreia de Redenção, primeiro longa-metragem baiano. O filme, dirigidido por Roberto Pires, foi exibido no antigo Cinema Guarani, atual Espaço Unibanco de Cinema Glauber Rocha e é o marco da produção cinematográfica na Bahia, que antes se restringia a documentários e filmes de curta duração. O lançamento deste filme deu impulso ao Ciclo Baiano de Cinema, período de maior produção cinematográfica no estado, que agora, em 2010, completa 100 anos, e revelou, entre outros, os feitos de Glauber Rocha. Ninguém acreditava na possibilidade de se fazer cinema na Bahia, até que Redenção venceu o descrédito e abriu as portas para a produção local, pois, embora muitos filmes entrangeiros fossem gravados no estado, até então nenhuma equipe genuinamente baiana havera realizado um longa-metragem. A principal dificuldade era de ordem técnica. História do 1º longa-metragem baiano: O longa-metragem foi rodado com a mais avançada tecnologia possível à época na Bahia: a lente Igluscope, criada pelo próprio Roberto Pires, que apresentava o mesmo efeito da então famosa lente Cinemascope, propriedade e monopólio dos estúdios de Hollywood. Redenção foi filmado com o sistema de som também inovador e viabilizado por Roberto Pires: som magnético acoplado à película. Estas duas tecnologias eram dominadas apenas pela indústria cinematográfica de Hollywood e o ineditismo motivou a visita de dois técnicos da Motion Pictures a Bahia para conhecer o sistema inventado por Pires. O filme demorou 3 anos para ser rodado e recebeu recursos financeiros apenas dos sócios da Iglu Filmes, produtora do mesmo. Custou quase 3 milhões e duzentos mil cruzeiros, uma fortuna para a década de 50. Cerca de 2 milhões de cruzeiros foram de Élio Moreno Lima. Nesta quantia, estão inclusas as compras dos equipamentos necessários para as filmagens. As cenas de Redenção mostram uma Salvador do final da década de 50, ainda não totalmente urbanizada, com cenários transformados pelo tempo. Além de sua importância para o cinema baiano, o longa de Roberto Pires é um documento de valor histórico para nossa cidade. Troféu IGLUSCOPE – o prêmio do Panorama Coisa de Cinema O prêmio máximo do Panorama Coisa de Cinema, evento que acontece anualmente em Salvador e está na VI edição, é o Troféu Iglucope, mesmo nome da lente Igluscope criada por Roberto Pires. Cláudio Marques, realizador do Panorama, diz que deu este nome ao trófeu como um reconhecimento à ousadia e desejo de fazer cinema na Bahia: “Roberto Pires inventou a 2a lente escope do mundo, atrás somente dos estadunidenses. Ele merece nosso eterno respeito e homenagem”.