IPAC finaliza restauração da primeira casa governamental do Brasil

28/05/2010
Com investimento de R$ 7,03 milhões, a restauração do Palácio Rio Branco integra outras obras coordenadas pelo Governo do Estado no Centro Histórico de Salvador, através do IPAC, que recuperam seis grandes monumentos, edificações consideradas "âncoras turísticas" e tombadas como patrimônios culturais, totalizando mais de R$ 20 milhões investidos O pequeno traçado feito no terreno irregular de 350 metros por um quilômetro de extensão pelo mestre de obras português, Luís Dias, há exatos 461 anos, solicitado pelo então rei D. João III, está, em parte, intacto ainda em 2010, na Cidade do Salvador. Segundo urbanistas e especialistas, é justamente esse desenho, essa diminuta malha urbana, criada a partir de 1549, um dos motivos mais importantes – além do conjunto arquitetônico barroco – para o tombamento federal como ‘Patrimônio do Brasil’ do Centro Histórico da capital baiana. A história dessa localidade demonstra que o nosso país, como o conhecemos hoje, de fato, começou aqui, em Salvador. Foi nessa área que o então governador geral Tomé de Souza determinou a construção da primeira casa governamental do Brasil que viria a ser o Palácio Rio Branco, que acaba de ser completamente restaurado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), órgão da Secretaria de Cultura (SecultBA) do Governo do Estado. A previsão é que o presidente Lula e o Governador Jaques Wagner reinaugurem o palácio no próximo dia 10 de junho (2010). Localizada na praça fundacional da cidade, a cerca de 70 metros do nível do mar, no trecho mais elevado do que é, atualmente, o território soteropolitano, o palácio – que agora dispõe de seis mil metros quadrados de espaço construído – passou por diversas reformas até chegar ao aspecto atual. O prédio é carregado de símbolos e emblemas republicanos já que sua linha arquitetônica remonta à última transformação realizada entre 1900, com vários salões e salas de inspiração renascentista, até 1912, quando ocorreu o bombardeamento pelo Forte de São Marcelo, quando foi reconstruído. Com sua lateral debruçada na encosta voltada para a Baía de Todos os Santos, a edificação tem nas suas vizinhanças o elevador Lacerda, a igreja e Santa Casa de Misericórdia, o palácio Arquiepiscopal e o Paço Municipal, os três primeiros tombados pelo governo federal e o último, pelo governo estadual, através do IPAC. O palácio encontra-se inserido na área tombada, desde 1984, como ‘Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico da Cidade de Salvador’ pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) do Ministério da Cultura (MinC). De acordo com o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça, a última obra de restauração ocorreu há 23 anos. Já essa restauração do IPAC começou em novembro de 2008. “Foram realizados serviços de restauração total da cobertura com inserção de calhas e sobre forro em fibra de vidro para proteger o telhado das intempéries climáticas, recuperação estrutural de vigas, lajes e pilares que apresentavam oxidação de ferragens, e da estrutura metálica de sustentação da cúpula que estava ameaçada de desmoronamento, caso não fosse recuperada imediatamente”, explica Mendonça. O prédio foi beneficiado ainda com manta asfáltica nas lajes das varandas descobertas, restauração dos pisos em pastilhas, de alta resistência, mármores e todos os pisos de madeira existentes nas salas internas. Segundo o diretor do IPAC, a equipe contratada restaurou passeios em pedras portuguesas, além de todos os elementos artísticos e bens integrados ao monumento, incluindo vitrais, postes e luminárias antigas. “Também foram recuperados os forros, as pinturas parietais, revestimentos, escada metálica, lustres de cristais, mobiliário histórico, elementos em cantaria, vidros decorados, lampiões e chafariz”, ressalta Mendonça. “Outra etapa importante foi a modernização do edifício, com a implantação de sistema de acessibilidade para portadores de necessidades especiais, e as reformas hidráulicas, elétricas e telefônicas”, explica Frederico Mendonça. Rampas, sanitários, plataforma elevatória e elevadores, além da recuperação e instalação de novos equipamentos do sistema de prevenção a incêndio e o paisagismo dos níveis do belvedere na encosta, complementam os serviços. Segundo os especialistas que trabalharam na obra, os tacos da Sala dos Espelhos foram fabricados manualmente, um a um, para se assemelharem o máximo possível aos originais. “Também foram descobertas pinturas parietais na edificação que podem chegar até a mais de quatro séculos de realizadas”, diz Mendonça. Vidros decorados, lustres históricos, escadarias em bronze, mobiliários coloniais e espelhos Luís 15 também passaram por minuciosos processos de restauração e conservação. PRODETUR 2 Os recursos da obra totalizam R$ 7,03 milhões do Ministério do Turismo, Banco do Nordeste (BNB) e contrapartida do governo baiano. A iniciativa integra do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur 2) cujos recursos são repassados pela via secretaria estadual de Turismo (Setur) com obras licitadas e executadas pelo IPAC/SecultBA. Com esse programa o IPAC executa a restauração de seis grandes edificações tombadas como ‘Patrimônio do Brasil’ pelo IPHAN, com investimento de R$ 20 milhões no Centro Histórico de Salvador (CHS), área tombada como ‘Patrimônio Nacional’ e chancelada pela UNESCO como ‘Patrimônio da Humanidade’. O Prodetur é considerado um programa que busca a consolidação do turismo no Nordeste do Brasil. Os resultados dos investimentos realizados contribuem para que o turismo seja reconhecido como atividade de desenvolvimento econômico e possibilidade de melhoria dos indicadores sociais. O Prodetur é um programa de crédito para o setor público dos estados e municípios que foi concebido tanto para criar condições favoráveis à expansão e melhoria da qualidade da atividade turística, quanto para melhorar a qualidade de vida das populações residentes nas áreas beneficiadas.